É com o coração cheio de agradecimentos que começo a compartilhar com vocês a minha caminhada durante esses dois anos de luta e cura interior. Tenho travado a maior luta de um ser humano: que é lutar contra si mesmo; contra os pensamentos ruins, contra os questionamentos sobre a vida.
Estou passando por uma etapa de vida (sem a presença física de meu filho) que não foi planejada, nem esperada. Assim como a convivência com as pessoas tem diferentes etapas a não convivência também tem me demonstrado isso, pois chego a pensar que são estações, assim como as estações do ano, com uma diferença: o outono é para sempre (aqui na terra), pois representa a perda definitiva, assim como as folhas murcham, se desmancham na terra, isso também acontece com o nosso corpo quando realizamos a passagem para a vida eterna, porém ficam as sementes do que fomos, fizemos, que dependendo da terra em que caiu, poderá florescer e dar bons frutos ou poderá morrer para sempre.
Fico horas a fio, em outra dimensão, sem pensar em nada, na minha cabeça nenhuma palavra ou sentimento, apenas flutuo no tempo. Um pensamento vem à tona: Qual o sentido da vida? Viver é sofrer? Ou sofrer é viver? Por que temos que partir? Por que alguns têm a vida tão curta? São muitas perguntas que chegam a uma única resposta: Não fomos feitos para este mundo. Deus nos ama de uma forma tão especial e particular que nos concedeu a graça da Ressurreição. Somos feito sim para a vida eterna, por isso nunca estaremos totalmente satisfeitos ou felizes nesta terra, pois só chegaremos a plenitude humana quando contemplarmos a face de Deus.
Meu filho se despediu aos 21 anos de idade, período em que estava bem próximo de Deus, vivendo a melhor fase de sua vida. Ele foi retirado do meio de nós, de uma forma inesperada, inaceitável aos olhos humanos, mas permitido por Jesus. Hoje ao analisar toda a sua trajetória de vida, percebo que ele se preparou para ir ao encontro de Deus, quando não ajuntou e nem se apegou a bens materiais, construiu uma rede de amigos sem acepção de pessoas, teve a sensibilidade de demonstrar o amor de filho, falando para mim, em muitas situações: - Mãe, eu te amo... Você é a melhor mãe deste mundo... Eu não consigo viver sem você... Sou o que sou graças a educação que meus pais me deram... Quantas decepções amorosas, de trabalho, de estudo, com as pessoas ele sofreu e, foi no meu colo que ele encontrou apoio, carinho e, palavras de evangelização, conforto e de aconselhamento. Tudo isso nos fortalece, nos orgulha e nos faz acreditar que fizemos o melhor pelo nosso filho. Hoje, sinto falta do seu abraço, dos seus beijos intensos, da sua voz, das brincadeiras, do seu cheiro, do seu jeito meninão de conduzir a vida e, até mesmo de suas teimosias que me tiravam do sério. Mas, a minha maior saudade é do seu amor, do seu aconchego e da sua presença física.
A cada dia sinto o frio intenso do inverno em minha alma: ausência do meu filho Bruno Thiago. As pessoas dizem que o tempo é o melhor remédio. Mas o tempo também se configura em nosso martírio, o grande vilão, pois nos traz a certeza da partida definitiva, da dor da ausência. Mas também, nos impulsiona a continuar a nossa missão na certeza do reencontro com os nossos entes queridos.
Não há idade ou posição social que nos livra da passagem para outra vida. Por isso, não deixe para amanhã o que você tem a dizer ou demonstrar a seu pai, mãe, filho, irmão, esposo (a), parente ou amigo. Faça hoje mesmo uma faxina em sua alma; jogue fora mágoas, rancores, traumas, palavras tristes; deixe aflorar o que tem de melhor em você e veja no outro o seu próprio reflexo enquanto pessoa.
Sou uma mãe que se encontra em fase de reconstrução, de cura interior, não buscando o porquê da partida, mas o para que, tentando aprender com o sofrimento, fazendo dele um alicerce para a minha vida cristã.
Palmas-TO, 28 de setembro de 2011.